Vale do Jordão, Palestina 2013.

Foto: Rafael Oliveira

Um retrato da inquietação geográfica

por Kátia Michele

A inquietação nos move. Movimenta ideias e ideais. Movimenta territórios, conceitos e provoca mudanças. Internas e externas. Mas como registrar a inquietação? Foi para responder essa pergunta que o fotógrafo paranaense Leandro Taques ingressou na profissão. Ele já respirava o ofício quando trabalhava como diagramador na Folha de Londrina, na década de 90. Grandes nomes da fotografia que passaram pelo veículo o inspiraram, assim como o contato diário com a notícia.

Inquieto, no entanto, ele queria a técnica e mais. Foi cursar Jornalismo na Universidade Tuiuti do Paraná, onde se formou. Fez pós-graduação em Fotografia, pelas Faculdades Curitiba e em Fotografia enquanto Instrumento de Pesquisa nas Ciências Sociais, pela Faculdade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.

Paralelo à formação acadêmica, mergulhou em experiências para registrar situações. Do cotidiano ao inusitado, foi imprimindo seu olhar particular. Para o fotógrafo, cada imagem esconde uma história, um contexto, um momento. Congelar esse registro é uma forma de contar o mundo. De mostrar outras perspectivas. De ver e de enxergar outros olhares.

E para ver o mundo de outros ângulos, decidiu viajar. Alguns destinos foram escolhidos pela curiosidade, outros pela oportunidade. O Afeganistão, por exemplo, despertou questões que ele respondeu fotografando. Como será a cobertura de uma guerra? A cultura, a vida, o Taliban, o Islamismo? Através de suas lentes, as respostas foram dadas em um ensaio fotográfico da região.

China, Cuba, África, são alguns dos destinos visitados pelo fotógrafo que renderam fotos/respostas que chamam a atenção e revelam o olhar inquieto de Leandro. A viagem para Angola resultou no projeto O Retrato da Paz, com livro homônimo e uma exposição que rodou o Brasil.

O trabalho rendeu menção especial no Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, além de imagens selecionadas para o acervo permanente da Maison Europeenne de la Photographie, em Paris, França.

Manifestações culturais, o cotidiano, os detalhes que revelam uma história estão em primeiro plano para o fotógrafo. Para ele, porém, fotografia é mais do que uma profissão. É uma forma de enxergar (todos) os movimentos e a ausência. Um antagonismo presente na geografia e no ser humano, o objeto mais presente em suas obras.

Nas imagens que registra, há mais do que um clique, há uma relação com o fotografado. Uma relação suave, honesta e sincera. Mostra a própria inquietação e ambiguidade do mundo. Revela perguntas para serem respondidas por cada espectador. Cada imagem é uma porta aberta para um diálogo.